segunda-feira, 15 de junho de 2009

INFORME MANGANGÁ - MAIO/2009 (comente as matérias no final da postagem)

EDITORIAL

Recentemente em conversa com um mestre amigo, ele falou com bastante preocupação de vários episódios que vem acontecendo em nossa capoeira, especialmente, nos programas desenvolvidos pelos Governos nos finais de semana.
Tratemos de um episódio especificamente. Ele relatou: tem “professor” em programa “x”, que dentre os materiais de capoeira relacionados para compra, estava um tatame. A primeira questão que vem em mente é: a capoeira precisa de tatame para desenvolvimento de sua prática?
Acredito que o “ilustre professor” esqueceu de pedir os kimonos para o alunado. Isso é um pouquinho das aberrações que vem acontecendo com a capoeira em programas governamentais. É preciso tratar com seriedade e competência o trabalho com a capoeira, principalmente com as crianças, que são a maioria da clientela desses programas. E ainda outra questão, a péssima formação capoeiristica. Graduação virou brincadeira e comércio, e virar professor, mestre, hoje no universo da capoeira, não necessita de muitos requisitos da arte. Deu uns pulinhos, fez umas acrobacias, mostrou os dedinhos (para alguns) torna-se critério para ser professor ou mestre de capoeira. É uma pena, a capoeira merece muito mais.

ENTREVISTA COM O MESTRE LUCAS

Mestres Malazart, Robson, Beija-flor, Lucas e Frank.

Luis Carlos Vieira Tavares é o mestre Lucas Salamandra, nascido em Aracaju, começou a treinar capoeira em 1974, com Mula Preta, no Cotinguiba Esporte Clube. Foi graduado mestre no início da década de 80, pelo mestre Queixada da Bahia. Em 22 de agosto de 1977, criou o Grupo de Capoeira Os Molas que se tornou uma grande referência na capoeira de Sergipe.
O mestre Lucas é também mestre em educação física pela UNIMEP de São Paulo; gravou seu primeiro trabalho musical (LP) em 1980, sendo o pioneiro nesse aspecto no norte e nordeste, publicou os livros: Nomenclatura dos golpes na capoeira, Capoeira no contexto nacional e O corpo que ginga, joga e luta: a corporeidade na capoeira.


IM – Como Os Molas se tornou o grande nome da capoeira sergipana?
LucasTrabalho. Até então não existia um intercâmbio da capoeira do Estado de Sergipe com outros centros ditos mais avançados da modalidade, a exemplo da Bahia. Só para exemplificar, esse é o primeiro Grupo que participa de uma competição interestadual de capoeira em Salvador, que foi a Copa Senavox de Capoeira (1980), onde capoeiristas sergipanos conseguem derrotar o campeão brasileiro daquele ano, esse sergipano foi Fábio. Além de participação em seminários em Salvador e em 1979 já mantínhamos um informativo de capoeira, coisa que só veio na década de noventa.
IM – Na década de oitenta existia uma grande rivalidade entre Os Molas e os Novos Irmãos do mestre Jorge Nó. Hoje, como você analisa aqueles momentos?
Lucas – Acho que desnecessário, mais por falta de conhecimento dos nossos opositores, uma vez que já enxergávamos lá na frente. O nosso trabalho causava um certo ciúme, que é natural, mas que serviu para os dois lados crescer.
IM – Você é um dos responsáveis pelas mudanças ocorridas na capoeira sergipana, entre essas mudanças, encontra-se a vinda de grandes mestres principalmente da Bahia. Quais os ilustres mestres da capoeira do Brasil você trouxe para Sergipe?
Lucas Apesar de alguns mestres e estudiosos da área aqui de Sergipe tentar com um argumento frouxo justificar esse fato pura e simplesmente por na época ser eu funcionário público, acredito que a minha capacidade de enxergar na frente fez com que esses fatos ocorressem, e por ter o reconhecimento desses grandes mestres e do meu trabalho. É bom que se frise, que apresentei muitos dos mestres sergipanos à capoeira do Brasil, levando-os a cursos, batizados e seminários em diversas regiões, bem como, em nossa capital. Assim sendo, consegui trazer vários amigos, a exemplo dos mestres Itapoan, Paulo dos Anjos, João Pequeno de Pastinha, Canjiquinha, Gigante, Ferreirinha, Olavo, Nenel e Formiga (filhos do mestre Bimba), Xaréu, Acordeom (que veio dos Estados Unidos com vinte e cinco alunos), Ezequiel, Burguês, Zulu, Luis Renato, Mão Branca, Ziza, Piauí, Satélite, Roque, Albino do Piauí, Mago, Birilo, Decânio, Suassuna, Tabosa e outros.
IM – Fale um pouco da participação sergipana nos Jogos Escolares Brasileiros (JEB'S).
Lucas Sergipe participou de todas as competições dos Jeb's e sempre se saiu bem. Só para dar um exemplo, em 1985, quando a modalidade foi oferecida, a competição foi realizada em duas fases: a primeira no Espírito Santo e a segunda em São Paulo (final). Um dos mestres, por questão ética não vou citar o nome, falou que em matéria de capoeira o estado dele estava na fórmula um, quando os demais estavam de fusca, fazendo uma colocação infeliz. Digo isso porque na final caiu Sergipe e o representante do citado mestre, não preciso nem dizer, deu Sergipe.
IM – Você é um ícone da capoeira sergipana. Quem em sua opinião, tem um trabalho de expressão que marcou ou marca a nossa capoeira?
Lucas Acho que todos faz seu trabalho. Não quero dizer quem faz um bom ou quem faz ruim, a história vai dizer; mas um trabalho diferenciado, parecido com o que a gente fez e acredita é o pessoal do Mangangá, gostava do trabalho do mestre Macaô. Por que o que tenho visto é alguns grupos se filiar a grupos ditos grandes a nível nacional e incorporar péssimos exemplos, assim esses mestres (líderes) acabam assinando seu atestado de incompetência, é bom frisar, que para participar desses grupos, os mestres tem que pagar o que eu chamo de dízimo, para assim ter uma falsa assistência em seu trabalho. Isso no início é um conto de fada, mas como é um conto de fada, após o encanto o príncipe vira sapo.
IM – Hoje você está um pouco afastado da capoeira. O que tem feito nesse mundo de meu Deus?
Lucas – Depois de uma temporada dedicado à capoeira com competições, seminários, batizados e algumas viagens no Brasil e no exterior, uma vez que ministrei aulas em Paris, participei do Festival de Dança na Alemanha, onde também ministrei aulas, visitei doze cidades da Holanda onde lancei um cd e ministrei aulas na escola, acabei me dedicando mais ao mundo acadêmico, onde fiz mestrado em educação física e dei aulas em universidades em Aracaju. Hoje estou terminando mais um livro (deve sair esse ano), tenho ministrado cursos na área de educação física e pedagogia; mesmo porque o que tem ocorrido na maioria das vezes que sou convidado para participar de festas “batizados”, não tenho visto muitas novidades, no mais, são mestres arrogantes, com discursos ultrapassados tentando mostrar uma liderança que não tem, como diz um amigo “pobre capoeira”, pobres capoeiristas; atletas do sonho de Coelho Neto virou pesadelo no século XXI; qualquer pé-raspado se intitula mestre, e o que é pior, os menos dotados ouve como se fosse dono da sabedoria capoeirística. E assim segue pregando não a verdadeira capoeira, mas a violência não só física como também simbólica.

Aracaju, 09 de outubro de 2008.

EVENTOS

* Vem aí! Papo de Capoeira.
* Só Joga Mulher, 4ª Edição, dias 19 e 20 de junho. Realização Capoeira Mangangá.
* 2º Muzenzumbi: a resistência continua. Organização do mestre Girafa e Supervisão do mestre Burguês. Alagoas/Brasil.

SAÚDE MESTRE

Desejamos ao mestre Joel uma boa recuperação. Que Deus lhe dê muita saúde para continuar jogando a sua boa e bonita capoeira por muitos anos e contribuindo para o crescimento de nossa arte.

NA RODA COM PENINHA

Contramestre Peninha/CE e Monitor Caboclinho/SE

Francisco Cláudio de Souza Lima é o contramestre Peninha do Grupo Água de Beber do Estado do Ceará. Ele esteve na bela Aracaju ministrando oficinas de capoeira no Encontro Nordeste de Capoeira, organizado pelos Grupos Sete Quedas e Água de Beber.

IM – Qual a importância da sua vinda para Aracaju?
Peninha – Nesta vinda o mais importante é a troca do conhecimento e a vivência, outra coisa, eu venho também para aprender, mesmo sendo poucos dias, mas a experiência é importante e enriquece.
IM – Como anda a capoeira no Ceará?
Peninha – As pessoas estão percebendo que a rivalidade não é importante, hoje existe uma união entre os líderes que estão percebendo que o mais importante é a capoeira e não o grupo. Todos vão aos eventos de todos para lutar pelo crescimento da capoeira no Ceará.
IM – Deixe uma mensagem para os capoeiristas sergipanos.
PeninhaIndependente de grupo, é importante respeitar o mestre, para que a geração futura perceba e entenda o valor dos mestres, pois o que se tem hoje é fruto de uma luta dos velhos mestres.

ACONTECEU...

>- Roda, Batizado e Formatura do Grupo Raízes de Angola com as presenças dos mestres Celso Palito/AL, Cancão/AL, Malazart, Sequência, contramestre Galopante, formada Madrinha e muitos capoeiristas. Dias 9 e 10 de maio, organização do Mestre Manoel Angolinha.
>- IV Aniversário “Equilíbrio Capoeira”, dia 24 de maio. Organização do contramestre Gavião Branco.
>- Curso de Capoeira e Arte de Berimbau e Caxixi e Palestras, dias 23 e 24 de maio, com as participações dos contramestres Peninha/CE e Pitute/AL. Organização do monitor Caboclinho, Acauã e Apollo, supervisão do mestre Coragem.

TORPEDINHOS

> Por onde voa o nosso Mestre Beija-flor? Um grande axé mestre e dê notícia.

> Estão sumidos: os mestres Alvaci, Bidui “a Lenda”, quem encontrar ganha um gostoso big-big mastigado.

> Cadê você Frank Mentirinha/PE, dê noticia e conte um causo!

> Um grande axé aos amigos: mestres Marco Angola/PE, Renato/PE, Dentista/PE, Coloral/PE e Girafa/AL.

ANIVERSÁRIO

Está de idade nova o monitor Carlinho “Corisco” do Grupo Irmãos Unidos, da cidade de Propriá. As velinhas foram apagadas no dia 16 de maio. Parabéns!

DE VOLTA

Está de volta ao convívio da capoeira “Paulo de Mola” do grupo Arte Brasil, o mestre Bolão fica feliz. Sucesso!

SELO COMEMORATIVO

No dia 09 de junho, às 16h, no Espaço Cultural da Agência Central dos Correios (calçadão da rua laranjeiras), acontecerá o lançamento do selo comemorativo a capoeira. A solenidade contará com as presenças de vários mestres de capoeira do Estado e uma grande roda.

REFLEXÃO:

O defeito é sempre do outro:
Quando o outro fala é intrigante, quando você fala é critica construtiva.

Expediente
Presidente: Robson B. Santos.
Vice-presidente: Edvaldo Abdias

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