quinta-feira, 23 de abril de 2009

Aracaju/Sergipe – Ano VIII – N° 66 – Março/Abril de 2009

ENTREVISTA MESTRE PANTERA NEGRA






Nascido em Maruim/Se, o mestre Pantera Negra ou Edson Correia, é um dos símbolos da capoeira sergipana. O mestre Pantera deu seus primeiros gingados no início da década de oitenta com o professor Caramujo, na cidade de Riachuelo/Se, com quem treinou por seis anos. Como o grupo não tinha nome, nem seguia um sistema de graduação, Edson Pantera veio para Aracaju onde recebeu a sua primeira graduação no Grupo Filhos de Luanda, com o professor Bidinha.
Após receber a graduação, neste mesmo dia, em visita a uma roda do Grupo Aruandê, do então professor Malazart, no bairro Siqueira Campos, após conversa, passou a integrar o Aruandê. Neste período, Pantera já ministrava aulas de capoeira substituindo o professor Caramujo e adotava o nome de Irmãos Unidos (1987). Aqui uma feliz coincidência: conversando com Malazart, descobriu que o nome Irmãos Unidos era o nome do antigo grupo do mestre Malazart que estava arquivado, daí surge com força e apoio o Grupo Irmãos Unidos na cidade de Riachuelo. Edson Pantera foi graduado mestre no ano de 2002, pelo mestre Geni da Bahia, e numa outra feliz coincidência, no evento do Grupo Zambiacongo, do mestre Geni. Conversamos com o mestre Pantera.
IM – Como você vê os trabalhos das Federações Sergipana e Desportiva para o desenvolvimento da nossa capoeira?
Mestre Pantera – A meu ver a capoeira só perde com isso. Relembro uma frase do mestre Itapoan, quando disse que “Sergipe é muito pequeno para tanta disputa”. O que se vê na verdade são duas entidades, que na verdade não estão criando um laço de amizade entre a capoeira e o capoeirista, é preciso deixar um pouco o lado burocrático e dar atenção a camaradagem que deveria reinar entre nós, principais artistas dessa arte.
IM – Como está vendo a introdução de elementos de outras artes marciais na capoeira? Com isso não estamos sepultando os fundamentos?
Mestre Pantera – Para responder essa pergunta, vou viajar mais ou menos no ano de 1932, quando o mestre Bimba introduz golpes e movimentos de outras artes marciais para enriquecer a sua capoeira, e dá a ela uma estrutura de luta devido à desmistificação de outras artes que via a capoeira como uma dança e não uma luta.
Hoje, eu encaro o fato de quando o capoeirista procura treinar outras artes como forma de estruturar melhor as suas deficiências dentro da capoeira, porém, sou contra quando esses lutadores introduzem golpes de outras artes na capoeira e esquecem de toda a movimentação da capoeira que deve sair da ginga, no entanto, o soco, a cotovelada, a cabeçada, o agarrão sempre foram movimentos da Capoeira Regional Baiana criada pelo mestre Bimba, onde o único problema é que na maioria das vezes são executados fora da característica da capoeira (a ginga).
Aracaju, 24/08/08

FEDERAÇÕES: UM POUCO DA HISTÓRIA E REFLEXÕES

As entidades representativas da capoeira (Confederação, Federações, Ligas etc.), são instituições criadas para conduzir e organizar a capoeira em cada esfera de poder que lhes são atribuídas. Muitas das vezes essas conduções e/ou organizações apontam para caminhos não muito satisfatórios para o crescimento e valorização da capoeira.Em nosso caso específico, o pequeno Estado de Sergipe, vamos encontrar duas Federações, a Sergipana e a Desportiva. A Federação Sergipana de Capoeira, criada em 1987, teve como clubes fundadores o Cotinguiba Esporte Clube, Associação Atlética de Sergipe e Vasco Esporte Clube. Foram seus presidentes, os Mestres Lucas, Paulo Morcego, Paulo Puma, Álvaro Sucuri e atualmente Genivaldo Papuá.A Federação Desportiva de Capoeira, criada em 1999. a partir de uma dissidência da FSC, teve como grupos fundadores os Irmãos Unidos, Filhos da África, Cobrinha, Filhos de Luanda e presidiram a instituição os Mestres Pantera e Frank.As duas entidades lutam para organizar a capoeira, mas encontram uma série de dificuldades devido a vários fatores. Mas, um fator para organização, crescimento e fortalecimento das entidades, passa pelo número de filiados. Uma instituição só se faz forte e legítima com representação. É chegado o momento das duas federações perceberem que o distanciamento enfraquece as entidades, consequentemente a capoeira no Estado. A aproximação pode fazer emergir um projeto que beneficie o coletivo que vive ávido por algo novo e de relevância.
Claro que as Federações não precisam perder suas autonomias, nem estamos propondo uma fusão. Estamos querendo propostas interessantes para o crescimento da nossa capoeira. Resumir o trabalho de uma Federação a competição e em cursinhos é no mínimo desconhecer as reais finalidades destas entidades.
Que tenhamos duas, três ou quatro Federações, mas que possamos reconhecer: existe um trabalho efetivo para o crescimento da capoeira em Sergipe.

FÓRUM DE CAPOEIRA

Em comemoração ao 15° aniversário, o Grupo Abaô de Capoeira Angola realizou o 1° Fórum de Pesquisa e Prática de Culturas Afro-descendentes Olonimó. O evento aconteceu de 08 a 12 de abril, no Centro de Criatividade.
Na programação, apresentações de grupos folclóricos, exposições fotográficas, palestras, oficinas de capoeira angola ministrada pela mestra Janja, do grupo Nzinga de Salvador e roda de capoeira angola.

CAPOEIRA E RASTEIRA

Relendo o Jornal Zambiacongo, 3ª edição, do ano de 2002, tem uma crônica assinada pelo mestre Geni, de título “Capoeira que é bom cai”, que traz uma reflexão de extrema importância para se contrapor ao que se construiu no imaginário de muitos capoeiristas de que o bom capoeira não cai.
Hoje, cair em uma roda de capoeira é um convite certo e seguro para uma boa briga. Usando as palavras do Mestre Geni, “desconhecem ou esqueceram que a queda faz parte, sendo conseqüência de um bom jogo de capoeira”.
A rasteira está relacionada entre os inúmeros golpes da capoeira. E acredito que ela é treinada por todos, independente de estilos, onde se aprende a sua aplicação., como também se deve aprender e ensinar formas de sair (quando possível) de uma boa rasteira, mas acima de tudo aceitá-la como algo natural dentro do jogo. Se não quer levar rasteira treine judô, karatê, jiu-jitsu etc, pois no universo de golpes dessas artes não existe a danada da rasteira.
O que não podemos é continuar aceitando as reações de violência quando um capoeirista leva uma simples rasteira. Finalizando, vamos mais uma vez recorrer ao mestre Geni, “pois o capoeira que é bom cai. E como cai bem meu camarada”.

TORPEDINHOS

· - Cobra foi embora para Penedo, deixando Teiú Malandro com saudade.
· - Sucupira apareceu! Salve!
· - Ainda bem, Braúna não joga mais com aquele coturno amarelo. A galera agradece.
· Um axé aos formados Aranha (Negaça/Tobias Barreto), Marquinho e Francimário (Filhos de Tobias).

POINT DA CAPOEIRA

Ø - Todas as sextas-feiras, a partir das 19h, roda na Rua São João. Organização do Monitor Bigodinho.
Ø - Todos os sábados, roda no Mercado, a partir das 09:00 h. Organização do contramestre Lázaro.

GUERREIRO NÃO LEMBRADO

No dia 21 de dezembro de 2008, a capoeira sergipana perdia o mestre Jorge Nó, um dos ícones na nossa capoeira e fundador do Grupo Novos Irmãos, um dos mais antigos e tradicionais de Sergipe.
Já se passaram 03 meses da sua morte e nenhum gesto (exceto a edição especial do Informe Mangangá de janeiro) para homenagear um mestre sergipano que muito contribuiu para a história da capoeira de Sergipe.
Nem o grupo que fundou em 1978, os Novos Irmãos, que o tinha como presidente de honra fez uma roda em sua homenagem. Tantas homenagens (com bastantes méritos) são feitas aos mestres Bimba, Pastinha, Paulo dos Anjos e outros por vários grupos.
Parece ser o velho ditado: “santo de casa não faz milagres”, mas é preciso fazer. A capoeira sergipana tem a sua história e ela é feita por nós, então é preciso reconhecer, respeitar, valorizar.
A Bahia ou outros estados não vão prestar homenagem ao mestre Nó. É a nossa obrigação enquanto sergipanos e capoeiristas. O mestre Nó é um grande personagem da capoeira de Sergipe, homenageá-lo é simplesmente fazer justiça.

NO TOQUE DO BERIMBAU

- Dia 26 de abril, às 15:00 h, roda de capoeira angola no bairro Santa Maria. Você é convidado do contramestre Luiz Canavial.
-Mais uma vez o mestre Frank foi a França mostrar um pouco da capoeira sergipana, e também ver como anda o trabalho dos Filhos da África na cidade luz.
- No dia 26 de março de 1999 morria o sergipano de Estância, o Mestre Paulo dos Anjos.

MESTRE PINATTI

Djamir Pinatti, paulista de Orlândia, é um dos precursores da capoeira de São Paulo e autor da primeira revista de capoeira, de título “Capoeira”, que circulou na década de 80. É um dos fundadores da Associação de Capoeira São Bento Pequeno (1969), que foi uma das fundadoras da Federação Paulista de Capoeira.

REFLEXÕES

“O capoeira, assim, optou pelo jogo como uma forma de assegurar sua participação na construção da realidade”.

Barbieri